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quarta-feira, 4 de junho de 2008

O OBJETIVO DA ORAÇÃO







O Objetivo da Oração
por Swami Dayananda

Orar é um processo de pensamento, um tipo particular de pensamento. Na prece existe alguém que reza e um altar no qual a pessoa oferece sua oração. Existe também um modo de rezar que está envolvido, que difere de pessoa para pessoa.

Uma prece pode ser dita em palavras simples ou pode ser um ritual elaborado, altamente tradicional e sancionado por escrituras. Pode ser totalmente oral ou totalmente mental. Ramana Maharshi, em Upadesa Saram, descreve a oração como três formas diferentes de ação (karma): física (kayiaka), oral (vacika) e mental (manasa). O ritual é uma forma física de oração. O canto em honra do Senhor é uma forma oral de oração.

Cantar um mantra silenciosamente é uma forma mental de oração.

Orações sempre têm um objetivo, como qualquer ação. Você pode desejar algo específico ou pode querer clareza mental (antahkarana suddhi), ou você pode rezar “Que o Senhor se compraza com minha oração”, porque você quer estar no livro “certo” de Deus. Você quer que Ele lhe dê uma olhada de vez em quando. Ele parece olhar pelos outros o tempo todo, mas quando chega a sua vez, algo acontece – Ele pisca ou fecha os olhos ao mesmo tempo.

Pode parecer que não podemos rezar no lugar de outra pessoa do mesmo modo como não podemos comer por outra pessoa. Apesar de orar ser uma ação, não é como comer, é mais como tomar banho, não só você pode lavar seu próprio corpo como pode lavar o de seu filho. Posso rezar tanto pelo sucesso de algo que se refira a mim mesmo como por algo que se refira a outra pessoa. Mesmo quando rezo por algo referente a outra pessoa, a oração ainda é minha.

Quando vejo alguém que é infeliz, que está sofrendo, também sofro – porque sou humano. Sou afetado pelas condições de outra pessoa e não suporto este sofrimento. Quero que esta pessoa também seja feliz. Portanto a oração pelos outros é também referente a minha própria felicidade.

Toda oração, assim, é apenas no meu próprio interesse. Quando rezo por minha esposa ou filho, quando digo “Que a minha família seja protegida”, isto é extensível a mim, um eu que está inteiramente afetado. Do mesmo modo, não precisamos ser americanos para nos sentirmos afetados quando um americano é feito refém. Qualquer ser humano será afetado uma vez que tome conhecimento das possíveis conseqüências desta ação.


Os Dois Resultados da Oração

A oração é sempre efetiva, tanto em interesse próprio como no dos outros. Para vermos como a oração é efetiva e como produz resultados é preciso analisar a natureza da oração.

Um dos resultados de sua oração é imediato (drstaphala). Ao rezar por algo, como clareza mental, você está reconhecendo uma força superior a sua própria. Está também aceitando a limitação de seu próprio poder e conhecimento. Isto é simples pragmatismo. Para ser objetivo, uma pessoa deve conhecer suas limitações. Mesmo quando conhecemos nossas limitações, ainda assim, freqüentemente, não queremos aceitá-las.

Que possamos rezar é uma grande coisa, porque implica uma aceitação de nossa parte, não só de nossas limitações, mas também a aceitação de uma fonte que não tem limites. Esta aceitação é algo muito bonito e é o resultado imediato da oração. Pode-se dizer que isto é psicológico ou algo assim, mas o resultado é visível. Não é fácil sentar e rezar. Mas quando você o faz, uma espécie de dissolução acontece. De outro modo o ego não deixaria você sentar e rezar.

Existe também um resultado da oração que é invisível (adrstaphala), que é onde a fé começa. O agente da ação de rezar diz “Isto é o que eu quero”. A ação e o desejo expresso provocam um resultado que é de natureza sutil, invisível.

Esse resultado invisível se manifestará no futuro e é o que chamamos de graça. É produzido pela ação e dirigido ao “fazedor da ação”, aquele que reza.


A Lei do Karma

Se você aceita a lei do karma, você pode chegar a considerar que a maior parte dos problemas surge como resultado das ações feitas nesta vida e em vidas passadas. Um problema no estômago ou cancer, por exemplo, pode ser entendido como resultado de karma passado. Ou você pode dizer que o problema é hereditário ou genético, o que é apenas fazer uso de um modelo diferente de explicação. De qualquer modo, é a mesma coisa. Indo um pouco mais adiante, você pode perguntar por que você nasceu com estes genes em particular? Por que você tem de estar nesta situação? Por que você não tem outros pais? Se você colocar estas questões a um geneticista ele ou ela não terá resposta e lhe dirá “Vá perguntar isto a um Swami. Este não é o meu campo!”

Dizemos que há uma seleção natural de pais que se dá de acordo com certas leis. Se existe sobrevivência da alma, devem existir leis que governam a imensa rede de combinações possíveis que determinam o próximo nascimento da alma. Muitos aspectos devem ser organizados – época e lugar do nascimento, pais, posição social e cultural, situação econômica, e assim por diante – tudo o que afetará em alguma medida a criança que vai nascer. Deste modo, cada pessoa tem um tipo particular de karma.

Karma é uma cadeia enorme de leis que operam de modo puramente mecânico. Do ponto de vista do karma, sua dor de estômago pode ser o resultado de karma feito no passado, tanto há muito tempo como mais recentemente. Pode ser devido a várias razões – excesso de alimentação, álcool, ou a condição de sua mente – tudo isto pode ser visto em termos tanto de passado imediato como remoto.

Se você se preocupa com isto você só aumenta sua infelicidade. Portanto, preocupar-se é inútil. O passado já aconteceu e não pode ser mudado. Eu aceito o passado e então rezo. Algum dano pode ter sido feito a meu estômago devido a eventos passados. Se for assim há algo que posso fazer agora? Sim. Posso rezar, “Que esta prece produza resultados que neutralizem o karma passado”.

A lei do karma é sutil. Não conhecemos nosso karma passado. Só sabemos que quando algo ocorre isto pode ser devido ao karma passado. Quando eventos extraordinários ocorrem e não podemos relacioná-los a causas imediatas, nos voltamos para o karma passado a fim de achar explicações. Talvez você ganhe na loteria e chame isto de boa sorte, ou perca algo e chame de má sorte – tudos isto pode ser o karma passado em ação. A despeito de todos os seus planos e esforços, situações que chamamos de má sorte continuam acontecendo. O karma pode estar se desdobrando a cada dia. O que você está acertando hoje pode ser devido ao karma passado. Apenas não podemos ver isso.

Mesmo um ateu convicto explica eventos em termos de sorte. Se ele pega um ônibus, por exemplo, e é a última pessoa a entrar antes de o ônibus partir ele diz, “Que maravilha! Que sorte!” Do mesmo modo, quando ele perde o ônibus, chama de má sorte.

As pessoas predem ônibus na vida – e existem muitos ônibus. Não importa quão cuidadosamente planejemos, no último minuto algo pode acontecer e vamos atribuir à má sorte. Quando tais eventos ocorrem, eles indicam a presença de algo sutil no qual não podemos por nosso dedo em cima. Não sabemos onde ele existe, o que é, ou como se desdobra. Só sabemos que continua acontecendo e que existe um padrão que é respeitado. Este “algo” é explicado pela lei do karma.

Karma e Oração

Como posso neutralizar os efeitos do passado, tanto imediato como remoto? Existem certas coisas que posso fazer. O que devo fazer eu faço, usando meu esforço. Junto com o esforço necessito de entusiasmo, coragem, conhecimento, recursos, e a prontidão e a capacidade de encarar obstáculos. E, com tudo isto, eu ainda posso perder o ônibus, e é por isto que necessito da oração. Se estas seis qualidades estão presentes, o Senhor pode ajudar – se eu rezar. Todas as seis devem estar lá. Não posso simplesmente sentar e rezar.

Tem uma estória sobre dois rapazes que estavam viajando para a cidade vizinha. No caminho lhes aconteceu de ver um templo de Ganesha. Um dos costumes hindus é de que que não se deve passar por um templo sem oferecer nossas preces. Um dos jovenss entrou no templo, mas o outro seguiu caminhando dizendo “Não vou entrar no templo porque não acredito nisso.”

Quando estava saindo do templo, após receber a darshan do Senhor, o primeiro rapaz pisou num escorpião nos degraus do templo e foi picado. Ele segurou seu dedão berrando e gritou por seu amigo.

Enquanto o segundo rapaz caminhava viu uma coisa no chão. Juntou-a e viu que era uma moeda de ouro. Ouvindo os gritos de seu amigo correu de volta para ver o que havia acontecido. O jovem falou “Esta é a prasada, presente de seu Senhor. Você entrou no templo e levou uma picada de escorpião. Sabe o que eu ganhei por não entrar no templo?”
E então mostrou a moeda.

Por ir ao templo você ganhou uma picada de escorpião. Eu não fui e olhe o que ganhei. Por que você vai a templos? É inútil.

O rapaz já estava picado pelo escorpião, mas as palavras de seu amigo o feriram ainda mais. Sentiu que o que lhe havia acontecido não era justo, e ficou muito triste.

Neste momento apareceu em seu caminho um sadhu. O rapaz o chamou e pediu sua ajuda, dizendo que havia sido picado por um escorpião e que a picada estava queimando. O sadhu lhe deu um remédio para aliviar a dor. O rapaz então lhe perguntou, “Maharajji, entrei no templo conforme nosso costume. Tenho uma devoção verdadeira. Quando estava saindo fui picado por um escorpião. Meu amigo apenas caminhou próximo ao templo e encontrou uma moeda de ouro na estrada. Qual é a justiça disto?”

O sadhu era astrólogo. Ele perguntou as datas e horas de nascimento dos jovens. Calculou tudo e falou aos meninos tudo o que havia acontecido em suas vidas. Descreveu eventos passados, seus pais e a idade em que haviam morrido, e quantos irmãos e irmãs cada um tinha. Como o que tinha dito era verdade, tiveram de acreditar nele.
Então o sadhu falou para o rapaz que havia sido picado pelo escorpião.

“Você deveria ter sofrido uma mordida venenosa de uma serpente ou algum acidente do gênero, mas se livrou apenas com a picada de escorpião”.

Para o outro ele falou: “Você deveria ter ganhado um enorme tesouro, mas em vez disso vai ter que ficar apenas com uma moeda.”

O objetivo da oração é eliminar ou neutralizar nossos erros diários e o Senhor nos confere Sua ajuda quando rezamos. É por isso que a oração é recomendada ao longo de todo o dia – ao amanhecer e à tarde, e de novo ao anoitecer. Ainda que não se tenha cometido nenhum erro no dia sempre existe algum karma passado se desdobrando a cada dia. O karma de cada pessoa é uma mistura dos resultados das boas ações (punya) e das más ações (papa). Punya significa que situações auspiciosas ou agradáveis irão acontecer e papa significa que situações penosas e desagradáveis sucederão.

Para lidar com o papa que se desdobra a cada dia, minuto a minuto, você deve juntar punya que irá neutralizá-lo. A oração faz isto. A oração não é só para obter clareza mental. Ao produzir resultados invisíveis pode também dissolver nossos erros anteriores.

A vida não é nada mais do que uma mistura de punya e papa. Assim encontramos tanto coisas agradáveis como desagradáveis acontecendo o tempo todo. Sabemos perfeitamente que não ditamos os termos da vida e podemos mesmo desenvolver nossas filosofias pessoais de como lidar com isso.

Algumas vezes podemos ter tanto punya como papa vindo em ondas por períodos de tempo – alguns anos, alguns meses, ou algumas semanas, sucessivamente. Pode acontecer apenas papa por um período de tempo e então, depois, de um modo geral, tudo vai bem. Mas a cada dia temos sempre uma combinação dos dois. A manhã pode ter sido maravilhosa, e porque o sol estava brilhando você foi jogar tenis, mas torceu seu tornozelo na quadra e por cinco dias não pode fazer nada.

Algumas vezes tudo pode estar indo bem, mas seu carro não dá partida. Ou dá partida, mas pára no meio da auto-estrada altas horas da noite, a seis milhas do posto de gasolina; teria sido melhor se não tivesse dado partida. Tais situações podem ser devidas a omissões e atos no passado próximo ou ser devidas a velhos papas que você quer neutralizar ou eliminar. Um resultado invisível pode ser neutralizado por outro resultado invisível. Este é o objetivo do resultado invisível da oração.

Suponha que você adormeça com seus bolsos cheios de dinheiro e cartões de crédito e sonhe que está morrendo de fome, e que você não comeu nada em três dias, e não tem dinheiro nenhum. Qual a utilidade do dinheiro em seu bolso? Ele não pode comprar nem uma coca-cola, você precisa para isto de dinheiro de sonho. Assim também para neutralizar os resultados invisíveis ocasionados pelas ações erradas do passado você precisa dos resultados invisíveis da oração.


A eficácia da oração

A oração é eficaz. Você pode dizer:
“Eu rezei, mas nada aconteceu.”
Mas eu diria:
“Se você não rezar, muitas outras coisas podem acontecer.”

Tinha uma vez uma velha senhora que recitava suas contas (mantra japa) o dia inteiro. Apesar de fazê-lo com fé ela ainda criava problemas para sua nora. Ela parava apenas o suficiente para mandar a jovem fazer isto ou aquilo. A pobre jovem, que era recém-chegada na casa, levava uma vida muito difícil.

Após alguns anos vivendo na mesma casa, a nora disse que, apesar de sua sogra ter feito tanto japa, ela não notou nenhuma modificação nela.

“Nos últimos dez anos só vi as contas de seu mala se modificar! Elas se tornaram mais suaves, enquanto que sua mente e comportamento continuavam tão ásperos quanto antes. Só as contas haviam perdido sua aspereza.”
Mas suponhamos que ela não tivesse feito japa. Imagine como ela teria se comportado. Poderia ter sido muito pior, ou até mesmo impossível de viver na mesma casa com ela. As orações da velha senhora, na forma de japa, realmente produziram resultados, ainda que pequenos.

A oração definitivamente produz algum resultado em concordância com a lei do karma. Tudo o que temos de fazer é rezar. Logo a oração faz parte dos esforços de uma pessoa inteligente, uma pessoa inteligente sendo aquela que leva todos os fatores em consideração antes de fazer algo.

Quando levamos nossas limitações em consideração e
oferecemos nossa oração, a lei se encarrega dos resultados.

OS GUNAS



Dr. Krishan Chopra
Os três Gunas - Sattva, Rajas e Tamas - são considerados como as qualidades fundamentais da natureza, ou Prakriti. Para podermos compreender isso plenamente, temos de examinar a interpretação hindu da criação e da dissolução do universo.

Diz-se que de tempos em tempos o universo se dissolve e depois é recriado. Quando ele está em sua fase não-definida, não manifestada, ele permanece em um estado latente no decorrer de um certo período. Durante este tempo, os Gunas encontram-se em um estado de absoluto equilíbrio, e Prakriti ou a natureza material, não se manifesta. Enquanto os Gunas permanecem não-definidos, Prakriti continua indefinido e o universo existe apenas em um estado potencial. Tudo que existe é consciência, o Ser Puro ilimitado (Purusha) e não-manifestado, Brahma, o Absoluto Imutável, que não tem começo nem fim.

Logo que o equilíbrio é perturbado, tem início a recriação do universo. A partir da consciência imutável, o universo, em constante transformação, é mais uma vez criado. Os Gunas participam de uma enorme variedade de combinações e permutações, em que um ou outro predomina sobre os restantes. Isso dá origem à interminável variedade de fenômenos físicos e mentais que formam o mundo que vivenciamos.

Os Gunas são às vezes descritos como energias, outras vezes como qualidades ou forças. Eles representam um triângulo de forças simultaneamente opostas e complementares que governam tanto o universo físico quanto nossa personalidade e padrões de pensamento na vida do dia-a-dia, dando origem às nossas realizações ou fracassos, alegrias ou infelicidade, saúde ou doença. A qualidade de nossas ações dependem das Gunas.

No que diz respeito à ação, Sattva é a força criativa, a essência da forma que precisa se concretizar. Tamas é a inércia, o obstáculo a esta concretização. Rajas é a energia ou o poder por meio do qual o obstáculo é removido e a forma toma-se manifesta.

Examinemos o exemplo oferecido por Swami Prabhavananda e Christo-pher Isherwood em How to Know God (Como Conhecer Deus) (o Yoga Su-tras, de Patanjali). Suponhamos que um escultor deseje criar na pedra uma estátua do Senhor Krishna. A idéia da estátua, a forma que o artista vê em sua imaginação, o impulso criativo e a imagem são inspirados por Sattva. O mármore representa Tamas, a solidez sem forma, o obstáculo que precisa ser superado.

Prabhavananda diz que o próprio escultor também pode encerrar um elemento de Tamas. Ele pode pensar: "Estou cansado; por que eu deveria trabalhar tanto? Isto é difícil demais! Acho que vou fazer algo mais fácil." Mas aqui a força de Rajas vem em sua ajuda. O Rajas se manifesta na ener-gia e na vontade do escultor, por meio das quais ele vence na sua mente a letargia Tamásica e a inércia sólida da pedra. Rajas também inspira o esforço físico e muscular que ele aplica ao trabalho.

Swami Prabhavananda afirma que se uma quantidade suficiente de rajas for gerada, o obstáculo de Tamas será superado e a forma ideal concebida por Sattva será criada no bloco de granito. Este exemplo de-monstra que os três Gunas são necessários para qualquer ação criativa. "Sattva, sozinho", ele diz, "seria apenas uma idéia não concretizada, Rajas sem Sattva seria uma mera energia não direcionada; Rajas sem Ta-mas seria como uma alavanca sem um fulcro; e Tamas sozinho seria a inércia."

Sattva é freqüentemente considerado como representando a pureza e a tranqüilidade; Rajas se refere à ação, ao movimento e à violência; Tamas é o princípio da solidez, da imobilidade, da resistência e da inércia. Os três Gunas estão presentes em tudo, mas um deles sempre predomina. Sattva prevalece à luz do sol, Rajas num vulcão em erupção e Tamas num bloco de pedra.

Na nossa mente, os Gunas se apresentam num relacionamento que mu-da com rapidez. Deste modo, experimentamos disposições de âni-mo diferentes durante o dia.

Se Sattva predomina, podemos ter momentos de inspiração, de afeto desinteressado, de alegria tranqüila ou calma medi-tativa. Sattva representa a pureza, a luz, a inteligência, o conhecimento, a satisfação, a clareza mental, a bondade, a compaixão e a cooperação. A calma e a paz prevalecem numa pessoa ou numa disposição de ânimo Sattvica. As qualidades da pessoa na qual Sattva predomina incluem a coragem, a integridade, a pureza, a capacidade de perdoar e a ausência da paixão, da raiva e do ciúme. Esta pessoa é calma e feliz. Quando Sattva domina, a mente toma-se firme como a chama de uma lamparina num local onde não há vento. A mente equilibrada ajuda tanto a atividade quanto a meditação, e aquele que é predominantemente Sattvico pode meditar com eficácia e é capaz de ter uma verdadeira concentração.

A pessoa com Rajas dominante nunca fica em paz. Rajas provoca explosões de raiva e gera um desejo intenso. Ele toma a pessoa inquieta e descontente, e dá origem a uma contínua atividade. A pessoa com Rajas dominante não consegue permanecer sentada, quieta; ela precisa ter sempre algo para fazer. A grande paixão é Rajas, assim como a agressividade, a ganância e a raiva também o são. Ao mesmo tempo, Rajas na sua expressão mais positiva, especialmente quando combinado com Sattva, é responsável por uma atividade construtiva e criativa, pois gera energia, entusiasmo e coragem física.
A pessoa Rajásica adora o poder e os objetos dos sentidos. Ela se apresenta em constante atividade e anseia sempre por mais poder para ser capaz de dominar os outros; ela também é muito apegada às coisas materiais. A manifestação direta do Rajas dominante é a chama insaciável do desejo. Os desejos precisam ser satisfeitos, caso contrário a vida da pessoa toma-se deplorável! Quanto mais ela consegue satisfazer os desejos, mais ela quer. Ela sempre quer mais - um pouco mais, um pouco mais, um pouco mais... Ela conquista riqueza, poder, reputação e fama, mas nunca é suficiente.
Quando Rajas é intenso, ele encobre o conhecimento e toma-se inimigo da sabedoria. Sob a pressão de Rajas, o homem alimenta ganância, luxúria e raiva. Rajas ataca a pessoa através dos sentidos, da mente e do entendimento, iludindo a alma encarnada. Para que a pessoa tenha uma vida proveitosa e paz de espírito, Rajas precisa ser apaziguado e equilibrado com Sattva.

"Tamas", diz Swami Prabhavananda, "é atoleiro mental no qual afundamos sempre que Sattva e Rajas deixam de prevalecer." Quando Tamas prevalece na nossa mente há pouco ânimo, externamos algumas das nossas piores características: preguiça, burrice, obstinação e um desespero forte e profundo. Tamas é freqüentemente descrito como a escuridão e a inércia. O desamparo, o embotamento, a confusão, a resistência e a ignorância também são características de Tamas. Quando ele domina, a mente pode ficar esquecida, sonolenta, apática e incapaz de qualquer ação ou pensamento proveitoso.
A pessoa dominada por Tamas pode se parecer mais com um animal do que com um ser humano; sem poder fazer um julgamento claro, ela pode deixar de distinguir entre o certo e o errado. Como um animal, ela viverá para si mesma e poderá ferir os outros para satisfazer seus desejos. Na sua ignorância e cegueira, ela poderá praticar ações perversas.

”Sattva adere à felicidade, Rajas à ação, enquanto Tamas, verdadeiramente encobrindo o conhecimento, adere à negligência.”

BHAGAVAD-GITA (14:9).